quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A última impressão

No último dia 31 de agosto, terça-feira, saiu o último impresso do "JORNAL DO BRASIL"

Para quem milita no meio, o JB foi durante muito tempo a maior referência no jornalismo no Brasil.

Tradicional e existente desde 1891, ojornal impresso já agonizava há anos. E a justificativa para a mudança para o digital foi a "preocupação com a sustentabilidade e com o meio ambiente, visto que a versão impressa derruba muitas árvores, além da visão futurista que o digital é a curto prazo a saída para todo e qualquer grupo de comunicação."

Sabemos que não é nada disso. Para quem esteve por lá, o problema foi de administração.

Na segunda-feira, um dia antes da última edição, tive aula na faculdade com o professor Roberto Assaf, que trabalhou muito tempo por lá. Foi bonito ouví-lo e saber das histórias do JB. E quando eu fiz um aparte em seu discurso, dizendo que a comoção de toda a imprensa com o fim do impresso era porque estava acabando ali também o último pilar do "jornalismo romântico", Assaf me olhou e me disse com o gestual nostálgico:

"É exatamente isso. Perfeito! Você usou o melhor termo para definir o fim do JB, o fim do romantismo no jornalismo."

No fatídico dia, eu, estando no aeroporto do Galeão para viajar para São Paulo, comprei a última edição por R$ 2,00.

Com a mesma quantidade de folhas do jornal LANCE! ou MEIA HORA por exemplo, estava explícito porque acabou a versão impressa. Feito por muitos estágiarios, inclusive responsáveis por editorias, o jornal comete graves erros de grafia e de semântica. Sem contar que o prefeito de São Paulo virou Kassad e não Kassab por duas vezes e em outra edição recente, os nomes de duas atletas de volei do Brasil estavam em iniciais minúsculas: mari e sheila; quando deveria ser Mari e Sheila.

Erros primários. Mas minúsculos perto dos inúmeros cometidos ao longo da administração deste ícone do jornalismo.

Torço que o JB digital possa realmente ter sucesso e calar a boca de quem diz que o jornal acabou.

Mas, sinceramente acho difícil isso acontecer.

O JB não transfere sua credibilidade adquirida ao longo de 119 no impresso para a web.

Mais uma porta se fechou.

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